No seu projeto de mestrado, o Matheus procurou entender por que mulheres obesas tem mais chances de desenvolver diabetes gestacional (DG). Especificamente, qual seria os gatilhos ativados durante a gestação que faria uma mulher obesa desenvolver DG. A aposta foi estudar se o hormônio progesterona, muito importante para a manutenção da gestação e para o controle da glicemia, poderia ser esse gatilho. Estudamos isso em camundongos-fêmeas divididas em 4 grupos:
· NO-CO: animais com uma dieta regular
· NO-PG: animais com uma dieta regular, mas que também receberam progesterona.
· HFF-CO: animais com uma dieta gordurosa e com frutose (para induzir obesidade)
· HFF-PG: animais com uma dieta gordurosa e com frutose e que também receberam progesterona.
Nesses animais, houve a realização dos seguintes experimentos mostrados na imagem:
Ao final, a dieta gordurosa e com frutose realmente levou à obesidade que esperavam e a um prejuízo no controle da glicemia. Porém nem a dieta, nem a progesterona, causou diferenças nas ilhotas pancreáticas (estruturas onde se produz hormônios como a insulina). Por isso, outros estudos são necessários para entender como a gestação leva ao DG, principalmente em mulheres obesas.
Caso tenha se interessado, confira o artigo publicado com esses e outros resultados no link: https://www.imrpress.com/journal/FBL/28/11/10.31083/j.fbl2811312
O mais novo mestre ainda relata que:
"Uns anos atrás, quando estava ainda na graduação, vi uma defesa de mestrado pela primeira vez. Era de um professor meu e não entendi muita coisa, mas achei o máximo. Lembrando disso agora, foi um momento decisivo para mim, disse para ele que seria minha vez depois dali um tempo. E veio aí!
Não sei o que dá na cabeça da gente de querer seguir essa vida acadêmica. Não temos garantias e as vezes precisamos implorar para ter o mínimo, um salário, chamado de bolsa. É bolsa porque não é um trabalho, mas é irônico quando elogiam o trabalho dos cientistas. Quase toda ciência no país é feita na pós-graduação, então vai entender...
Talvez eu devesse ter buscado um trabalho de verdade, mas fazer o que... Minha epígrafe da dissertação traz a resposta: "I was born this way". E sou feliz por ter nascido assim. Passar por esse processo me mostrou isso, eu amo o que faço. Por isso, nunca tive dúvida do próximo passo, que venha o doutorado! E o pós-doutorado. E o outro pós-doutorado. E a livre docência. Não vejo sentido no meu mundo se não for para usar a ciência para entender os sentidos do mundo.
Muito muito obrigado a todos que fizeram parte disso, amigos, família e professores. Essa experiência do mestrado vai ficar para sempre como um dos processos mais desafiadores e gratificantes que passei. Mas como ainda assim não é suficiente, vamos para o próximo passo".
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